A primeira
vez que sonhei, ela estava sentada em um bar. Atrás dela havia um céu
perfeitamente estrelado, usava um chapéu de couro vermelho e nada parecia fazer
sentido. Lembro-me que o garçom era muito alto e quase não conseguia ver a
cabeça dele. Sentei-me ao lado dela. Tentei, em vão cruzar um olhar, mas ela
parecia não me ver. Sem pensar, tentei disse-lhe que a amava, mas também não
disse, pelo menos não em palavras. Quando acordei, minha boca estava seca como
se estivesse falando a noite toda, mas nem me lembro se quer dizer uma palavra
no sonho. A segunda vez, tudo foi repetido da mesma maneira, apenas o garçom
mudou, agora era um cara gordo, sem cabelos e um bigode branco, foi quem me
trouxe uma bebida desta vez. Ela seguia sem olhar para mim. Eu disse a ela que
a amava agora e que esse amor era muito mais do que para sempre, ela não me
respondeu. Minhas estratégias mudavam de sonho a sonho, de noite a noite, mas a
reação dela sempre foi a mesma. Ela nunca se quer olhou para cima. Durante o
dia passei meu tempo planejando como chamar sua atenção de uma vez por todas.
Algumas noites eu não sonhei com ela e tudo parecia uma perda de tempo. Mas em uma
noite eu fingi cair sobre a mesa e seus olhos se encontraram com os meus. Em um
instante, eu a vi bem diferente como nunca pensei em vê-la. Cada segundo, suas
rugas cresciam cada vez mais, seus dentes caíam e seus cabelos pareciam
desaparecer como uma maré retraída. Então eu a perdoei e esqueci de uma vez por
todas porque a vida nos separava. Às vezes, só às vezes, eu cruzo novamente,
mas não olho em seus olhos nem digo que a amo. Nem eu tento pegá-la pela mão,
nem dizer a ela que tudo é um sonho.
Por German Rodriguez
Traduccion Dina Nascimento
"La mujer de mis sueños" fue seleccionado para participar de la nueva antologia de cuentos de la Editorial Dunken a editarse en el primer semestre de 2018 en Argentina. Para festejar mi primer año en tierras brasileñas, les dejo la traducion de aquel cuento.
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