sábado, 13 de enero de 2018

A mulher dos meus sonhos

 A primeira vez que sonhei, ela estava sentada em um bar. Atrás dela havia um céu perfeitamente estrelado, usava um chapéu de couro vermelho e nada parecia fazer sentido. Lembro-me que o garçom era muito alto e quase não conseguia ver a cabeça dele. Sentei-me ao lado dela. Tentei, em vão cruzar um olhar, mas ela parecia não me ver. Sem pensar, tentei disse-lhe que a amava, mas também não disse, pelo menos não em palavras. Quando acordei, minha boca estava seca como se estivesse falando a noite toda, mas nem me lembro se quer dizer uma palavra no sonho. A segunda vez, tudo foi repetido da mesma maneira, apenas o garçom mudou, agora era um cara gordo, sem cabelos e um bigode branco, foi quem me trouxe uma bebida desta vez. Ela seguia sem olhar para mim. Eu disse a ela que a amava agora e que esse amor era muito mais do que para sempre, ela não me respondeu. Minhas estratégias mudavam de sonho a sonho, de noite a noite, mas a reação dela sempre foi a mesma. Ela nunca se quer olhou para cima. Durante o dia passei meu tempo planejando como chamar sua atenção de uma vez por todas. Algumas noites eu não sonhei com ela e tudo parecia uma perda de tempo. Mas em uma noite eu fingi cair sobre a mesa e seus olhos se encontraram com os meus. Em um instante, eu a vi bem diferente como nunca pensei em vê-la. Cada segundo, suas rugas cresciam cada vez mais, seus dentes caíam e seus cabelos pareciam desaparecer como uma maré retraída. Então eu a perdoei e esqueci de uma vez por todas porque a vida nos separava. Às vezes, só às vezes, eu cruzo novamente, mas não olho em seus olhos nem digo que a amo. Nem eu tento pegá-la pela mão, nem dizer a ela que tudo é um sonho. 

Por German Rodriguez
Traduccion Dina Nascimento

"La mujer de mis sueños" fue seleccionado para participar de la nueva antologia de cuentos de la Editorial Dunken a editarse en el primer semestre de 2018 en Argentina.  Para festejar mi primer año en tierras brasileñas, les dejo la traducion de aquel cuento.




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